segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Estilingue.

Eu emprestei o meu estilingue para ele. Para aquele menino de boné surrado, joelho surrado, calção surrado, juízo surrado. Sim, eu achei que ele poderia fazer um bom uso do estilingue.
Expliquei que não se utilizava esse instrumento para machucar. Não se atira em passarinho, não se atira em gente, não se atira em nada que sinta dor.
Ele começou atirando em latas, pedras, água... Como o recomendado. Depois, jogou em uma andorinha, mas eu entendi que tinha sido um erro bobo, daqueles que todo ser humano comete. Passou mais um tempo, e sabe o que ele fez? Puxou bem o elástico, e soltou, com toda a força que podia. E dessa vez, o alvo era eu. Sim, a pessoa que havia ensinado a arte do arremesso, a arte de esticar o elástico, e a arte de não ferir aquele que sente dor. Se doeu? Doeu. E ainda dói. Mas eu entendi que o estilingue era meu, e o peguei de volta.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

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“O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudades… sei lá de quê!” - Florbela Espanca