sexta-feira, 9 de abril de 2010

Dos pingos que caem do céu.


Quando eu era criança, aproveitava bem melhor a chuva.

Minhas tias construíam barquinhos de papel de jornal, se molhavam inteiras no percurso até o outro lado da rua, e colocavam o barquinho na pequena correnteza que se formava no desnível da rua, entre a calçada e o asfalto.
Ficávamos olhando o barquinho seguir seu curso, até que a água da chuva o ensopava, e o afundava.

Hoje, no ponto de ônibus, a chuva me molhou inteira. Eu estava preocupada com a minha roupa, com os meus sapatos, com os meus papéis. Eu estava preocupada.

Mas, bem de longe, vi algo se movendo em meio a lama. Algo feliz na chuva. Eram dois cães. Eles brincavam felizes, rolavam na grama, pulavam, giravam, percebiam os pingos que caíam do céu como algo mágico, digno de ser experimentado.

Eu parei, e deixei a chuva me molhar toda, ainda mais, e queria beber aquela água, pra sempre.
Porém, quando eu era criança...

Aproveitava bem melhor a chuva.

3 comentários:

  1. Que lindo! Nada como ver beleza nas adversidades da nossa rotina. Só os sensíveis (ou os bichos)...

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  2. Ainda bem que somos sensíveis, e bichos... :)

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  3. Somos sensíveis. O bichinhos ainda mais.
    Amei Nana.

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