sábado, 19 de junho de 2010

Serena.

Ela estava sorrindo. Não, ela estava séria e pensativa. Mas, não fossem pelos olhos falantes, dificilmente eu teria percebido seu pensamento real. Apesar da aparência tranquila, e da eficiência nas tarefas cotidianas, os olhos vibravam o real filme que se passavam em sua mente.

Ela resolveu falar. E de lá saíram todas as agruras do peito. A palavra cortava. Os gestos gritavam uma dor difícil. O apelo entrava na mente dos que estavam à sua volta, e o grito sufocado surgiu. Bateu na minha dor...

E eu tive que escrever. Tive que escrever sobre dores, e angústias, e apelos, e tremor de pernas e de mentes.
Tive que escrever sobre peitos rasgados, choro amargurado, desengano teu e meu.
Tive que escrever, mais ainda, sobre calmaria, companhia, razão de ser, peso embora, liberdade, sobre alma leve, ventania, ser pessoa, caminhada, nuvem branca, mão amiga, minha e tua.

Serena...
Eu quis escrever sobre a vida.



Para uma amiga querida. Ela sabe.

6 comentários:

  1. Nas tuas entrelinhas sinto Clarice Lispector a me dizer as coisas que a gente precisa ouvir. Belo texto.

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  2. Não leia a bula

    Essa droga só faz bem
    Combate a tristeza
    Faz a saudade findar
    O amor nunca acabar
    Sonho se realizar
    A dor partir
    O bem te abraçar
    A felicidade se achegar
    Alegria se infiltrar
    Para tanto é só tomar
    Uma dose sem olhar
    Veneno letal
    Sara todo mal
    Contra indicação:
    Não precisa saber ler
    Nem tampouco entender
    Basta o coração sentir
    A importância de existir
    Estar feliz e ser feliz

    Jamaveira®

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