segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Não sentir.

Quando eu a vi, mal pude acreditar. Que força desoladora se abatia sobre ela. Seus olhos estavam arregalados, como que pedindo socorro, e seu coração palpitava, cavalo viajante.
Quando percebi sua respiração, mal consegui entender. Vento teimoso e veloz, entrando e saindo de suas entranhas. Respira-rápido.
Quando toquei suas mãos, entendi. Menina de mão de não, irriquieta, hesitante. Tremedeira.
Quando a vi, tão perto, li sua mente. Li muito bem lida. E estava tudo coloridamente caótico. Escuramente perplexo.
Quando fitei seus pés, vi o correr que eles queriam, e almejavam. Um correr de velocidade, de sair desembestada, de não segurar mais nada.
Quando a vi, pobre criança assustada, eu chorei. Eu chorei mesmo, de lágrima caída, de coração despedaçado, de coisa descompassada. De choro desamparado, e tímido. De choro de beira de rosto. De choro silencioso. De choro de uma só lágrima. Porque não, eu não queria sentir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário